Review: "Selfish Love" - Selena Gomez, DJ Snake
"Selfish Love" definha em retrospecto, não apresenta um lado novo de Selena, de DJ Snake e nem mesmo do gênero.
Música: Selfish Love
Artista: Selena Gomez, DJ Snake
Nota: 5/10 ★★✫☆☆
Sete anos após Mr. Probz ter surfado no melhor hype do tropical house com “Waves”, existe a ressaca marítima reggaetonera chamada “Selfish Love”, uma canção que passeia entre idiomas, crises de ciúmes e doçura—lugares bem conhecidos por Selena.
Nessa nova era da também atriz e apresentadora Selena Gomez não havia acontecido nada de muito comum ao público. Ela lançou seu próprio programa de culinária, reforçou seu carinho pela língua espanhola anunciando seu novo EP REVELACIÓN, todo em espanhol, seguido das faixas “De Una Vez” e “Baila Conmigo” que são as primeiras nesse idioma dentro de uma década, amplificou o trabalho do diretor brasileiro Fernando Nogari que dirigiu o clipe de “Baila Conmigo”, trazendo uma lente enorme à cena cinematográfica do país a nível internacional, e ainda esteve, supostamente, participando do novo álbum de estúdio de seu famoso ex-namorado intitulado “Justice”. Selena inovou em tudo isso, mostrou maturidade, sensibilidade e evoluiu como pessoa, mas em relação a “Selfish Love” ela recusou dar o passo à frente.
O reggaeton e a ritmicidade da faixa em questão são totalmente ofuscados por instrumentos, guitarras, camadas de voz e uma estrutura repetitiva, fortes características do tropical house que ditou as regras no ano de 2014 quando “Waves” de Mr. Probz (Robin Schulz Remix) dominava as paradas musicais com a ajuda de algumas cenas de um casal em uma ilha paradisíaca, pinceladas niilistas — “Estou me afastando lentamente (me afastando). Onda após onda, onda após onda” — e uma percussão animada.
Em outra fase mais recente do gênero o niilismo permanece — “Eu tomei uma pílula em Ibiza para mostrar pro Avicii que eu era legal. E quando finalmente fiquei sóbrio, me senti 10 anos mais velho”. Mesmo com a ajuda de outros quatro compositores, Selena não se destaca e entra em espiral, fazendo com que a canção não vá além de declarações jogadas sobre ciúmes e egoísmo — “Alguém mais se importa, alguém mais se importa?”.
No todo, há doçura, há comprometimento com o projeto REVELACIÓN e há familiaridade com o tema, provando ser, quiçá, o maior símbolo de liberdade criativa da carreira de Selena até a data. Esse lado que “mata com bondade” é o que já conhecemos da artista, seu gosto aguçado por estética e seu modo singular de expressão são notáveis. Em contrapartida, “Selfish Love” definha em retrospecto, não apresenta um lado novo de Selena, de DJ Snake e nem mesmo do gênero.